28.3.09

Anos Vazios no Teatro dos Sonhos.

Dra. Mar,

Eu sou daquele tipo de cara sobre o qual você ouve falar por aí. Do tipo que abandona a família por um motivo qualquer. É triste, mas a verdade é que nenhum dos dois percebeu os sinais. E eu nunca disse uma palavra, pois não poderia deixar para outro dia.

- Leve-me em direção à praia - eu disse. - Enterre-me na areia. Conduza-me sobre a água. E talvez você compreenda.

Tomou o último gole e pediu mais uma dose antes de continuar.

- Sabe, cara, uma vez que a pedra sob a qual você está rastejando for retirada de cima de seus ombros e a nuvem preta sobre você desaparecer, o barulho que você ouvirá será o desmoronar destes anos vazios.

Levou um tempo até eu digerir a informação. Mas o fiz.

- Ela não é uma tipo de garota sobre a qual você ouve falar. Ela nunca... nunca desejará outro. E nunca estará sozinha. Ela me mostrará todos os sinais e me contará tudo. E então virará as costas e irá embora.

Ele não tinha mais o que dizer então se calou, deixando-me lá com aquelas dúvidas corrosivas. Não havia nada que ele pudesse fazer para ajudar-me. Pois ele me compreendia mais do que gostaria de assumir. Mas eventualmente ele virou as costas e foi embora.

Não entendeu, doutora? Tudo bem, não era para você entender mesmo.

Mas eu espero que ela compreenda.

*adaptado da música Hollow years - Dream Theater

2 comentários:

Unknown disse...

Aaaiaai, Yuri... Vc só me tras preocupação... Espero melhoras...sinceramente e inutilmente

Fernanda Pina disse...

Eu saquei.