Teve dois sonhos. O primeiro com ela.
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Estava sentado à margem do rio. Observava com o olhar triste. Ribeirinhos passavam em canoas e barcos. Admirava as garças. Livres. Sem preocupação.
Ouviu passos. Se virou. Era ela. Esboçava um sorriso.
Tenho que te falar uma coisa. Se sentou ao lado dele. Ele olhou para baixo. E rapidamente olhou pro céu. Não conseguia mais fitar seu reflexo.
Eu não te amo. Ele sabia. Mas eu tenho certeza que me amas. Ele também. E sei que é muito. Ela tinha razão. Pra variar. Eu gosto de você. Um pouco. Um pouco. E eu pensei, que se eu desse uma chance... Sim? ...talvez eu pudesse vir a gostar mais. Eu acabei tendo certeza que é muito difícil achar alguém que possa me amar tanto assim. Será...? Enfim, estou te dando uma chance. Não desperdiça. Ele a abraçou forte e desejou, rezou, que aquilo não fosse um sonho. E se fosse, que nunca acord...
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Entreabriu um olho e voltou a dormir. O segundo sonho era igual a outro que já havia tido uma vez. Mas com algo diferente.
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Estava sentado. O cômodo era totalmente branco. E totalmente vazio. Sem portas ou janelas. Olhou pra frente. Vazio. Olhou pra trás. Vazio. Olhou pra frente de novo. Um espelho.
Se levantou e foi em direção à ele. Era um espelho comum. Apenas seu reflexo aparecia do outro lado. Não gostava dele. Fechou os olhos e virou o rosto. Sentiu vontade de abri-los. Ao fazê-lo, a sala já não era branca, mas negra. E apenas os contornos do espelho ainda eram visíveis. Mas no reflexo começou a distinguir uma mobília. E na penumbra pode ver os contornos de um homem. Ele segurava um copo de uísque. E abaixo de sua mão, um caderno. Não, não era um caderno, mas uma agenda. Marcava três nomes. Riscados. Um vento bateu e folheou a agenda. Em branco. Ao fundo tocava um blues. Conhecido. Melancólico. A noite se tornou mais clara e iluminou o rosto do homem, que sentava à poltrona. Era ele. Mas mais velho, como com 50 anos.
Um brinde!
E o que estamos comemorando?
Não é comemoração. É pesar.
Pelo quê?
O último se foi.
Morreu?
Não. Desistiu.
E o que está fazendo sozinho, no escuro?
Hahahaha...estou esperando...
O quê?
Pergunta errada.
Quem, então?
Você. Sorriu maliciosamente.
Mas...se ela apareceu, outras virão!
Sim, outras virão. E nenhuma ficará. Você afastará todas, assim como fez com ela.
Não...alguém vai me amar...
Ninguém te amará. Seu fardo é esse e seu destino é morrer triste e só.
Não...
Um brinde!
20.4.09
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õ.o
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