1.5.09

Bola de pulgas

Dra. Mar,

dia do trabalho e, como estamos no Brasil, ninguém trabalha. Nem eu. Ainda bem.
Adoro esse país.
Mentira. Deslavada.
A senhora consulta hoje, doutora? Não, não venha querer me dizer que ouvir lamentações de pessoas amarguradas e depois tirar conclusões que elas mesmas chegariam após duas doses de uísque é trabalho.

Mas não vim falar de trabalho. Ou do dia dele. Ou da falta dele. Vim falar de gatos.

Felinos de quatro patas que miam, ronronam e dormem. Muito. Cuspidores de bolas de pelo, culpa das lambidas dadas no corpo inteiro. É, a maioria odeia banho. Não, não temos isso em comum.
Odeio gatos. Desde pequeno. É uma coisa instintiva, sem explicação, irracional e sem qualquer base de fundamentação lógica. Até os matava quando mais novo. Sem motivo. Explodia-lhes com bombas de São João. Bons tempos. Talvez tenha sido um cachorro em outra vida. Não, doutora, eu não acredito em vidas passadas. Mas isso não quer dizer que não exista. Além do mais, a ideia de que estamos fadados à total extinção e extirpação de nossos seres é um tanto sombria e desalentadora. Claro que isso cabe a mim, mas não sou a única pessoa no mundo. Quem dera. Mas divago.

Bem, no último post eu saí para comprar um. E comprei. Mais ou menos.
Não sei porque. Apenas comprei. Algo inconsciente. Sem explicação, irracional e sem qualquer base de fundamentação lógica.
Saí com esse objetivo em mente. Cheguei até a me questionar. "Mas eu odeio gatos. Porque não um cachorro? Um papagaio? Um porquinho-da-índia? Uma colônia de formigas? Uma piranha assassina?". Não. Tinha de ser um gato. Talvez para acabar com essa raiva primitiva. A senhora me apresenta suas teorias sobre o assunto depois (que eu farei questão de ignorar sumariamente). Cheguei ao pet shop. Quanto custa um gato? 200 reais por uma bola de pulgas que só dorme? O pelo é de ouro ou ele caga diamante? Não, esquece, eu acho um na rua. Gato é o que não falta.

Lembrei de um amigo que tinha 7 gatos em casa. Nunca passei mais de 15 minutos naquela casa. Quem sabe ele queria se desfazer de algum. Dei sorte. Ou não. Uma gata tinha dado cria há uns seis meses e ele ainda estava dando os gatinhos. Peguei um. Uma, na verdade. Era uma gata.
Caixa de sapato esburacada. Instruções que eu nunca ia seguir. Rumei para casa. Chegando, interrogações e exclamações. "Que caixa é essa? Um gato? Eu não quero esse bicho na minha casa! Vai estragar tudo, cagar em tudo".
Consegui convencer que eu ia cuidar de tudo e que a maior parte do tempo ele ia ficar no quarto. O que eu tô fazendo por um gato? Devia era explodir a cabeça dele como fiz com tantos outros. Calma, tudo tem uma razão.
Entrei no quarto. Abri a caixa. Aquilo me olha. Mia. Precisa de um nome.
Princesa? Nossa, meu deus, não! Chamem a Reese Whiterspon!
Jack? Melhor não. Nome de homem pode dar problema um dia. Não sei qual, mas pode dar.
Léia? Não. Hobbys e gatos não devem se misturar.
Vodka? Bem...não, melhor não. Já bebo sem nada pra me lembrar, ainda mais chamando todo o dia.
Cameron? Thirteen? Cudy? Esse seriado tá me afetando mesmo...
Emanuelle? Haha, ia ser hilário gritar isso pela casa: "ô rainha da galáxia, vem cá!". Melhor não.
Nesse momento a gata coçou o olho com a parte de trás da pata. Tava com sono. Foi igualzinha a...
Será que...? Isso é apelação demais... Aff, vai ter que ser.

Vai ser Nanda.

Eu sei, eu sou doente. Mas talvez me ajude. Pensa bem, doutora, ou eu curo meu ódio por gatos ou eu passo a odiar outra coisa.
Eu falei talvez, doutora, talvez...

2 comentários:

Unknown disse...

Uou! Primeiro q eu axei vc rápido, faz 25 minutos q vc postou e nem bem fazem 10 q cheguei em casa /o/

2º... ainda bem q tenho um cachorro hauahua XD

Fernanda Pina disse...

Prefiro gatos.
Perdão pela demora em comentar :D
E obrigada por dar meu nome pra gatinha.
*.*


Beijão.