21.7.09

Paralelos Divergentes

Meu amor,

Olho para a lágrima manchando sua maquiagem e descubro que, diferente da minha habitual prepotência, não sei de nada. Não sei as respostas e tampouco as perguntas. Tento ao máximo me distanciar, seguir em frente, racionalizar, mas não consigo. Pois sei que o tempo é irrefutável e que por mais que eu esteja consciente de nossa efemeridade ainda assim não consigo evitar de torcer pela eternidade. Por enquanto somos apenas brilhos, vislumbres fugidios nessa contramão autoimposta. Mas que não se ofuscam. Que são aconchegantes como aquele abraço, com nossos suores como uma fina cola que nos une mas não nos prende. Não o suficiente. Não tanto quanto gostaríamos.

Sabemos que acontecerá. Não temos resposta alguma, exceto essa. Sabemos que não interessa o quanto nossos mundos são divergentes, sabemos que uma hora ou outra teremos que aceitar a inevitabilidade da união de nossos destinos. Olha pra mim agora. Em meus olhos. Não chora, por favor. Eu te entendo. Eu te aceito como você é. Da mesma maneira que você me aceita. Nosso grande problema não é aceitarmos um ao outro. É aceitarmos a nós mesmos.

Enquanto isso não acontece eu espero, sozinho entre os lençóis frios destes dias isolados. Espero por sua companhia, por seu sorriso de felicidade sem barreiras conscientes ou não. Espero, fiel demais às suas convicções, para sair e ir te buscar. Projetando lágrimas que maculam seu rosto imaculável de modo a não assumir as minhas próprias.

Pois essa vida, essa sincronia, essa simbiose ainda é nosso segredo. Só nosso, guardado num canto exageradamente carinhoso em nosso peito. Um canto que não conseguimos ignorar. Apenas aguardando que essa lágrima constante em nossos rostos um dia seque e que possamos gritar a quem quiser ouvir que nosso segredo já não existe mais. Que ele é uma realidade.

A nossa realidade.

2 comentários:

Fernanda Pina disse...

Cacete, isso tá lindo. MESMO.
Torço por ti, por vocês.


Que tudo dê certo, que todos os nós sejam desatados.

Unknown disse...

Perfeito: "Nosso grande problema não é aceitarmos um ao outro. É aceitarmos a nós mesmos."

Passamos a amar de maneira mais segura ao outro, quando o amor a nós mesmo supera tudo e nos equilibra.

Adorei seu blog.

Sou amiga da Carol.

Beijos.